Na próxima segunda-feira (07/11/2022), vou ministrar o minicurso “Medindo Desigualdade e Pobreza com a PNAD Contínua” no XXII Encontro Nacional de Estudos Populacionais (ENEP), promovido pela Associação Brasileira de Estudos Populacionais (ABEP); mais informações sobre este e outros minicursos podem ser encontrados neste link.
Este ano, o curso é uma versão mais curta daquele que ministrei em 2021 para o IESP, com algumas novidades. Também estou trabalhando em uma nova versão para 2023, com algumas aulas a mais.
Há algum tempo atrás, vi uma discussão bem interessante sobre desigualdade e a Grazielle David do podcast É da sua conta! levantou o tema da polarização de renda. Eu já tinha lido um pouco a respeito e tinha até começado a escrever uma apresentação sobre o tema, mas não tinha calculado nada de fato. Deixei anotado para o futuro.
O momento chegou. Neste post, vou tentar explicar um pouco do que é polarização e como essa abordagem se diferencia da desigualdade.
Esse post vai fugir um pouco do usual. Não vamos fazer análise de dados, nem escrever código. Vamos ter algumas equações e gráficos, mas nada muito complicado. Vamos tentar responder duas perguntas:
Tenho uma série de crescimento do PIB nos trimestres de um ano. O crescimento acumulado no período é igual à soma das taxas de crescimento?
Tenho valores de inflação e taxa de juros nominal. A taxa de juros real é igual à taxa de juros nominal menos a inflação?
Pesquisando no repositório das piores ideias da humanidade1, não é raro encontrar a seguinte frase:
“A pobreza importa. A desigualdade, não.”
Aparentemente, tem gente que acredita nisso. Vou mostrar o quanto isso é estúpido.
Considere a sociedade A, cuja renda média é $500.10 e o índice de Gini é 0.400. Vejamos a distribuição cumulativa.
Agora considere a Sociedade B, produzida a partir de \(n\) transferências regressivas para o indivíduo mais rico de modo que os demais indivíduos não-pobres estejam quase na linha de pobreza.