Atualização (07/10/2022): um colega encontrou um erro na modo como eu construí a variável. Diante disso, aproveitei um tweet antigo para reescrever de um jeito que faça mais sentido, usando uma variável derivada baseada na escala de segurança alimentar usada no IBGE. No entanto, o argumento permanece o mesmo.
A última Pesquisa de Orçamentos Familliares (POF), realizada em 2017-2018, traz informações muito interessantes sobre consumo e condição de vida das pessoas.
TL;DR: subregistro existe, é um problema e as taxas de mortalidade ingênuas estão provavelmente erradas. Mas não são inúteis.
Estive fazendo alguns exercícios de demografia e pensando sobre subregistro e o quanto isso é um problema. Resolvi pegar algumas leituras que fiz recentemente e tentar mostrar onde isso aparece.
Um pouco de história Em alguns países, os registros de nascimentos e mortes é tão bom que você pode calcular as estimativas mortalidade infantil diretamente.
Ao estudar algumas características de populações distintas, outras características podem influenciar indiretamente na análise. Por exemplo, ao ver a taxa de mortalidade bruta (TBM) da Itália e comparar com a mesma taxa do Nordeste pode ser que a primeira seja maior que a segunda. Isso singifica que as condições de vida na Itália são piores que no Nordeste? Não. Acontece que, por causa da estrutura etária, essa comparação não é justa: uma população mais velha tende a apresentar TBM mais alta que outra mais jovem.
Há algum tempo atrás, vi uma discussão bem interessante sobre desigualdade e a Grazielle David do podcast É da sua conta! levantou o tema da polarização de renda. Eu já tinha lido um pouco a respeito e tinha até começado a escrever uma apresentação sobre o tema, mas não tinha calculado nada de fato. Deixei anotado para o futuro.
O momento chegou. Neste post, vou tentar explicar um pouco do que é polarização e como essa abordagem se diferencia da desigualdade.